quarta-feira, 14 de abril de 2010

"Ah, o tempo!"

Ah! O tempo...
A sucessão cronológica perdida
Da não-linearidade pretendida...
Este encantador e traiçoeiro amigo
Que nos envolve e nos rasga o abrigo:

Vem, despedaça esperanças
E apaga muitas lembranças,
Mas cicatriza as nossas feridas
E reconstrói sonhos e vidas...

Este inquestionável recurso
De imprecisão completa do uso
Da espera árdua interminável
De um pedido antes lastimável...

Este fenômeno louco e obsessivo
Do amor perdido e ódio reprimido
Do desejo não mais existente
Da crença ardente, ainda latente...

Este sedutor e maldito companheiro
Mas que pode nos desacorrentar por inteiro,
Acabando com a dor das pobres almas
E dissolvendo as possíveis mágoas:

Dê-nos oportunidade de outras sensações,
De provar novas e infinitas emoções
Liberta-nos para amar, para resplandecer!
Em cada dia, a cada amanhecer...

E então, meu caro e inestimável colega,
- Venha, fique, vá embora. E depois volte.
Leve embora o que um dia quisemos
E traga de volta o que nunca tivemos.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

“Combustível”

Sou como lenha e carvão
Esperando pela fagulha
Suplicando pela chama
Acender, aquecer
Queimar, incinerar!

As turvas e nebulosas penumbras
Que circundam meus pensamentos
Fazem ecoar este clamor de dor
E meu rogo por clemência!         

Sou como solo e semente
Esperando pela chuva
Suplicando pelo raiar do Sol
Germinar, brotar
Resplandecer, florescer!

E da espera fervorosa nasce o embate:
O meu coração que calejado palpita
É movido pela esperança ou descrença,
Embalado pelo desejo resguardado da vida
Ou pela inconseqüência da não existência!

Ah, como eu preciso...
Desesperadamente, eu necessito...
Do combustível, do sangue quente
Do calor da alma, do sabor da paixão!
Vem a mim, consome meus sentidos
E liberta-me para o gozo dos novos dias! 

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

"Tempos de Mudanças"

Novos sentimentos desabrocham e dominam-me
E as minhas tristezas e preocupações desfalecem
Apagando-se junto das minhas angústias
E dos meus medos e anseios e loucos desejos...

Ah, meus loucos desejos!
Foram dados perdidos e depois convergiram
Na insensata inquietude dos novos tempos
E nas outras esperanças e vontades e promessas...

Sim! Novas promessas...
Nascidas das mutações de sonhos dos novos dias
Do surgimento daquilo que não se previa
E das transformações e não-convicções e interrogações...

Interrogações? Pontuações... Exclamações!         
Um desarranjado inteiro de planos conspirados
Revogados pelas novas leis do universo
E pelas mudanças e eventualidades e surpresas...

Oh, belas e gostosas surpresas!
Concede-nos o sabor de conquista a cada dia
E transforma nossas vidas em completo avesso!
Estou viva e florescendo e sorrindo e vivendo...

sábado, 9 de janeiro de 2010

"Paraíso"

Ali estava minha contemplação...
Quando deparei-me com uma divina visão:

As lágrimas finas de céu banhavam teu corpo delineado
A brisa noturna resvalava suavemente entre teus cabelos
A cintilação das estrelas refletiam em teu olhar sereno
E a luz do teu sorriso cativante irradiava em meu ser

Então...
Imaginei-me!

Adentrando o salão principal de tua vida
Dançando valsa sobre as nuvens do céu
Sendo recepcionada pelos anjos
E conhecendo o caminho para o paraíso!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

"Libertação"

Quando, em meu coração,
A solidão se alastrar,
Suplico que não me julgues!
A inquietação e a dor
Já tomam conta de minh’alma,
Consumindo-me por inteira
Como as trevas noturnas
Em um céu sem estrelas...

Palavras ríspidas serão dilaceradas em pó
E sopradas suavemente contra os ventos matinais,
Semeando flores mais humildes nas primaveras
E sussurros mais gentis aos que choram miséria!

Quando, em teu coração,
A essência deste amor brotar,
Imploro que me libertes!
Das correntes amargas
Que atam e ferem o meu corpo
Desprendendo-me por completo
De meu desalento sem fim...

E assim, meu peito se acalentará...

Minha tristeza e melancolia desfalecerão
E serão jorradas nas profundezas dos oceanos,
Transbordando esperança pelas espumas do mar
E soprando brumas de paixão ao coração dos homens!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

"Praiando os sentidos"
















Estava ali, recostada em minha rede branda
Tecida com a pureza de nosso amor juvenil,
Sendo embalada pela brisa suave de final de tarde
Que cantava entrelaçando as palhas dos altos coqueirais...

Enquanto isso, eu observava a imensidão do mar anil
Que se prolongava em direção ao além do horizonte,
E escutava o rumor das ondas que acariciavam levemente
A infinita faixa de areia abaixo dos meus pés descalços...

Ao fundo, o som de teu violão dedilhando bossa-nova
Acalmava e tranqüilizava a minha pobre alma desnuda...
Afugentava com graça a nostalgia e a melancolia
Da monotonia automática e da rotina ingrata
Que tanto nos castigava diariamente!

Deleite eterno...
Eu degustava, com sede tamanha,
A água de coco que me embebia os lábios
Da boca que invocava em sussurros pela tua!
Podia sentir de longe o olor da maresia
Misturando-se com o cheiro do teu doce perfume...

Assistia, enfim,
Ao supremo pôr-do-sol
Que propagava um álacre espetáculo de cores
Em tons dégradés alaranjados e avermelhados,
Pincelados ao longo do céu colossal
Com as polpas das nossas frutas tropicais...

Meu contentamento!
O encanto daquele singelo instante
E o retrato daquela paisagem insólita
Envolviam-me no ardor dos teus braços cândidos
Traduzindo em nossos corpos inextricáveis
Uma sublime essência da vida...
Com gosto de praia, com sabor de mar
E apetite voraz de tua paixão sem fim.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

"Um anjo"

Eu fecho os olhos e vejo:
Tua tez, tão alva como a cor da neve
Teus olhos, tão claros e límpidos como a água dos oceanos
Tua boca, tão macia como a pétala de uma rosa
Teus cabelos, tão dourados como o brilho do Sol
Tua face, tão suave como um manto aveludado
Teu perfume, tão doce como o aroma de uma flor!

És tão belo, tão gracioso, tão cheio de virtude
Que me encanta com teus olhos,
Com teu sorriso, com teu esplendor
Posso ouvir o teu suspiro, a tua voz, a tua respiração
Tudo em ti me atrai, me chama atenção
És um príncipe montado em um cavalo branco
que cavalga em minha direção!

Porém, nada é perfeito. E por isso, tu não existes...
És apenas uma miragem, uma alucinação, uma ilusão
Estás apenas em meus sonhos, na minha imaginação
Só assim poderei contemplar sua divina perfeição!

Eu abro os olhos e vejo:
Sim, és tu. E dessa vez não me enganei.
Porém não és humano, nem mesmo és mortal - És um anjo!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

"Alien-nações"

Notícias sem conteúdo,
Sensacionalismo barato
Mas que chato!
É o que eu acho...
Eles pensam que eu não penso?
Pois se enganam, pobres coitados!
Falam melhor quando calados...
Onde estão os sensos críticos?
Perdidos nas verdades mentirosas
Encolhidos nas manchetes onerosas...
Imposição de falsos padrões,
Cultivo de viciosos jargões
Exércitos inteiros de alien-nações!
Pura banalidade...

Ainda existe autenticidade?
Nem sei mais o que é a realidade...
Por trás das informações,
Um jogo sujo de interesses
Sem quaisquer preocupações...
Tratam-nos como cobaias
Ah! Já chega de maracutaias
Cansei de tudo, adeus!
Estou indo, meus bons amigos,
Eu vou é cair na gandaia.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

"Nossa atração"

Nossa atração tem força inegável
Como um elo indestrutível
De uma origem inexplicável
E de um mistério indefinível

Nossa atração é inevitável
De caráter imprescindível
Possui beleza irrefutável
E grandeza indescritível

É segredo nunca antes desvendado
Por trás de um desejo incoerente
Um testamento infundado
Mas de uma certeza eloqüente...

Paradoxo inimaginável
De contestação proibída
Possui encanto inquestionável
Que transcende o amor e a vida!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

"Nossas Meninas"

Nossas meninas, doces meninas...
Tão graciosas, cheias de virtudes
Olhares encantadores
Belezas raras, exóticas
Já não sentem mais dores
Com suas anestesias tóxicas!

Nossas meninas, aquelas meninas...
Abafaram seu brilho
Em preocupações sem sentidos
Cheias de mentiras
E sorrisos polidos...

Nossas meninas, minhas meninas!
Mentes inquietas, neuroses incertas
Turbilhão de emoções
Passam fome de vida
Perderam seus dons
Caminhos sem saída!

Nossas meninas, já nem são assim meninas...
Agora mulheres apáticas, perdidas
Insaciedade de estética
Em suas formas sofridas
Rimas não poética
Em seus corpos sem vidas!

Nossas meninas, loucas meninas!
Parecem borrachas, meras montagens
Perderam sua essência
Viraram embalagens
Doentias aparências
Em seus rostos selvagens!

Nossas meninas... Nossas meninas?!
O que fizeram com elas?
Onde estão escondidas?
Atrás de um espelho falso
Vivem contidas
Libertem-nas, por favor!
De suas almas feridas
Desprendam-nas da dor
De suas imagens distorcidas.