quarta-feira, 14 de abril de 2010

"Ah, o tempo!"

Ah! O tempo...
A sucessão cronológica perdida
Da não-linearidade pretendida...
Este encantador e traiçoeiro amigo
Que nos envolve e nos rasga o abrigo:

Vem, despedaça esperanças
E apaga muitas lembranças,
Mas cicatriza as nossas feridas
E reconstrói sonhos e vidas...

Este inquestionável recurso
De imprecisão completa do uso
Da espera árdua interminável
De um pedido antes lastimável...

Este fenômeno louco e obsessivo
Do amor perdido e ódio reprimido
Do desejo não mais existente
Da crença ardente, ainda latente...

Este sedutor e maldito companheiro
Mas que pode nos desacorrentar por inteiro,
Acabando com a dor das pobres almas
E dissolvendo as possíveis mágoas:

Dê-nos oportunidade de outras sensações,
De provar novas e infinitas emoções
Liberta-nos para amar, para resplandecer!
Em cada dia, a cada amanhecer...

E então, meu caro e inestimável colega,
- Venha, fique, vá embora. E depois volte.
Leve embora o que um dia quisemos
E traga de volta o que nunca tivemos.

5 comentários:

  1. demorou pra postar mas deu show! beijão kel

    ResponderExcluir
  2. Parabéns! Falar sobre o tempo pode parecer fácil para alguns, mas apenas aqueles que já tiveram a oportunidade de experimentá-lo sabe como ele realmente é. Seu poema ficou esmagadoramente cativante. Usar o tempo como remédio, amor, base, salvamento foi um método que todos buscamos, mas que poucos encontram. Mais uma vez parabéns. =]

    ResponderExcluir
  3. Muito obrigada meus queridos! A proposta é que o tempo saiba despertar em nós novas esperanças.. Que demore e perdure, nos tire o que um dia quisemos muito, mas nos traga algo que sempre desejamos em ter e nunca tivemos, como uma possível recompensa do sofrimento sentido e da sensação errada de "tempo perdido". Tudo é experiência, "tudo vale a pena quando a alma não é pequena", segundo nosso grande poeta Fernando Pessoa. Então, vivam. E deixem que o tempo se encarrega do resto.

    ResponderExcluir
  4. O que é o tempo se não senhor justo e injusto com nossas latentes emoções, dele fugimos, nele estamos contidos por sina ou não, acreditando ou não no amanhã que nem sabemos ao certo. Plena tua poesia, e de muita expressão e lirismo, te convido e muito me alegraria se fosses ao meu blog.

    Um cordial abraço e muitas inspirações.

    ResponderExcluir
  5. Parabéns. Há tempos não vejo algo tão bem escrito na blogosfera. De uma delicadeza ímpar. Gostei.

    ResponderExcluir

Obrigada pelo seu comentário!