Estava ali, recostada em minha rede branda
Sendo embalada pela brisa suave de final de tarde
Que cantava entrelaçando as palhas dos altos coqueirais...
Enquanto isso, eu observava a imensidão do mar anil
Que se prolongava em direção ao além do horizonte,
E escutava o rumor das ondas que acariciavam levemente
A infinita faixa de areia abaixo dos meus pés descalços...
Ao fundo, o som de teu violão dedilhando bossa-nova
Acalmava e tranqüilizava a minha pobre alma desnuda...
Afugentava com graça a nostalgia e a melancolia
Da monotonia automática e da rotina ingrata
Que tanto nos castigava diariamente!
Deleite eterno...
Eu degustava, com sede tamanha,
A água de coco que me embebia os lábios
Da boca que invocava em sussurros pela tua!
Podia sentir de longe o olor da maresia
Misturando-se com o cheiro do teu doce perfume...
Assistia, enfim,
Ao supremo pôr-do-sol
Que propagava um álacre espetáculo de cores
Em tons dégradés alaranjados e avermelhados,
Pincelados ao longo do céu colossal
Com as polpas das nossas frutas tropicais...
Meu contentamento!
O encanto daquele singelo instante
E o retrato daquela paisagem insólita
Envolviam-me no ardor dos teus braços cândidos
Traduzindo em nossos corpos inextricáveis
Uma sublime essência da vida...
Com gosto de praia, com sabor de mar
E apetite voraz de tua paixão sem fim.