domingo, 20 de setembro de 2009

"Somos feitos de sonhos..."

"Nós somos do tecido que são feitos nossos sonhos".
William Shakespeare

"Sem sonhos, a vida é uma manhã sem orvalhos,
um céu sem estrelas,
um oceano sem ondas,
uma vida sem aventuras,
uma existência sem sentido".
Augusto Cury


Uma vez me perguntaram o que nós significávamos no mundo, do que éramos feitos na verdade. Eu fiquei pesando no que poderia responder, se seguiria o raciocínio científico, descrevendo nossa composição química e estrutura fisiológica; se seguiria o raciocínio histórico-cultural, descrevendo a evolução do homem e sua vida em sociedade; se seguiria o raciocínio econômico-político, descrevendo o sistema imposto e as leis elaboradas por nós mesmos. Confesso: Fiquei muito confusa. O que é o homem na sociedade em que vive? Somos nós atores principais da nossa peça teatral (vida) ou meros expectadores e figurantes em um grande teatro abandonado (o mundo)? Cheguei a esta conclusão: Somos feitos de sonhos.

Dizemos ser racionais, seres pensantes. Criamos nossos próprios mitos, valores, culturas, crenças, normas, constituições. Até que ponto tudo isso é válido e qual método nós utilizamos para classificar o que é certo e o que é errado? O que nos motiva a viver realmente? O complicado mesmo é saber no que acreditar, se nós mesmos, por muitas vezes, duvidamos da nossa própria capacidade. Acontece que já vi muitos dizerem que iam fazer o possível e nem chegaram a tentar com medo de falhar. Já vi muitos fazerem o impossível acreditando que um dia conseguiriam “chegar lá”. O quão perseverante e destemido você é? Talvez não passe de um medroso sem esperanças.

Do que são feitos esses nossos sonhos afinal? Cada qual tem um composto diferente de sonhos. Combinações, sons, limitações. Cores, dores, amores. Vontades, necessidades. Busca eterna da felicidade e nossas próprias verdades. Vivemos entre o equilíbrio de tudo e ao mesmo tempo desarmonizamos nosso próprio eu. Passei um tempo estudando a Pirâmide Motivacional de Maslow e as suas definições – “Que assunto mais tedioso!” – Era exatamente o que eu pensava, mas comecei a gostar da idéia e tentei aplicá-la no seu sentido mais abrangente: Na nossa própria vida. Independente de raça, credo ou classe social, todos possuímos necessidades. Estas se diferenciam no patamar em que conseguem atingir, se são elas básicas, de segurança, sociais (status), de auto-estima ou de autoconhecimento. Cada um terá níveis de motivações diferentes. Você pode se satisfazer com um carro de luxo ou uma casa de praia, outros podem se satisfazer apenas com um prato de comida ou com um simples gesto de bondade.

Com os sonhos isto não é diferente. Passamos a vida buscando realizar um objetivo qualquer, seja ele qual for. E o que vem depois que o atingimos? Simplesmente a nossa existência não fará mais sentido. Você para aflito e se pergunta: “Está bem, mas e agora?!”. E é exatamente por isso que vivemos sonhando. Procuramos sempre mais, tendo esperança de que um dia conseguiremos aquilo que queremos. Então você pensa no caminho pra chegar nesse tal de sonho. Segundo o grande poeta Drummond, “Tinha uma pedra no meio do caminho. No meio do caminho tinha uma pedra”. O que você estava esperando? Que fosse tudo fácil demais? Ora, faça-me o favor! Se fosse assim, não faria sentido. Não teria a mínima graça.

O homem é um conjunto de tudo. Ele vive de sonhos, morre de sonhos. Sonha com seus sonhos. No meio de tanta razão, tanto cientificismo e até de ceticismo, ele continua imaginado e desejando. É o que lhe motiva a viver, ele busca uma razão para sua existência. E o mais engraçado é acreditarmos que o mundo gira em torno de nós mesmos – “que irônico!”. Mas gostaria de esclarecer uma coisa: Não foi minha intenção escrever um texto de auto-ajuda ou algo do gênero. Não me interprete mal. Apenas gostaria que você parasse pra refletir sobre isso: “Afinal, do que você é feito?”.


Renata Magalhães. Rio de Janeiro: 2009.

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