quarta-feira, 14 de abril de 2010

"Ah, o tempo!"

Ah! O tempo...
A sucessão cronológica perdida
Da não-linearidade pretendida...
Este encantador e traiçoeiro amigo
Que nos envolve e nos rasga o abrigo:

Vem, despedaça esperanças
E apaga muitas lembranças,
Mas cicatriza as nossas feridas
E reconstrói sonhos e vidas...

Este inquestionável recurso
De imprecisão completa do uso
Da espera árdua interminável
De um pedido antes lastimável...

Este fenômeno louco e obsessivo
Do amor perdido e ódio reprimido
Do desejo não mais existente
Da crença ardente, ainda latente...

Este sedutor e maldito companheiro
Mas que pode nos desacorrentar por inteiro,
Acabando com a dor das pobres almas
E dissolvendo as possíveis mágoas:

Dê-nos oportunidade de outras sensações,
De provar novas e infinitas emoções
Liberta-nos para amar, para resplandecer!
Em cada dia, a cada amanhecer...

E então, meu caro e inestimável colega,
- Venha, fique, vá embora. E depois volte.
Leve embora o que um dia quisemos
E traga de volta o que nunca tivemos.